Em um cenário no qual as relações familiares e interpessoais, de modo geral, tem se tornado cada vez mais superficiais, é extremamente importante entender sobre o que é comunicação não violenta. Essa superficialidade, que também foi bastante influenciada pela internet, acaba gerando diversos cenários nos quais existe intolerância e normalmente o conflito em questão acaba virando algo extremamente ofensivo, e que não acaba resolvendo. 

A CNV, sigla para comunicação não violenta, é um conceito criado pelo psicólogo Marshall Rosenberg, que traz como principal ideia a resolução de conflitos por meio de práticas e diálogos que estimulam a empatia de ambas as partes. Apesar de parecer uma coisa bastante complicada, ela na verdade é a solução para muitos problemas e ainda pode auxiliar no desenvolvimento de crianças e jovens, introduzindo a eles uma ideia de empatia, cada vez mais rara na sociedade em que vivemos. 

Confira abaixo o que é comunicação não violenta e entenda como você pode aplicá-la.  

Componentes em que se baseia a CNV

A comunicação não violenta se baseia em 4 componentes, são eles: Observação, Sentimento, Necessidades e Pedidos. Veja mais sobre esses componentes abaixo:  

Observação

Durante uma situação comum de comunicação o primeiro passo é a observação. Basta aos presentes realizarem uma observação e tentarem perceber se a mensagem recebida, independente da forma (seja por fala, gestos, ações), tem algo de positivo a complementar. Nessa etapa é bastante importante que não exista um certo juízo de valor, mas sim uma análise do que é positivo e o que não é naquilo que é passado pela outra pessoa. 

Sentimento

Depois da observação é importante entender que tipo de sentimento aquilo desperta. Seja medo, mágoa, angústia, qualquer que seja ele, é importante que as pessoas envolvidas se permitam ser vulneráveis emocionalmente e exporem aquilo que sentem. A resolução de conflitos passa muito pela distinção daquilo que se sente, pensa ou interpreta sobre algo. 

Necessidades

Após entender qual o sentimento que a observação fez despertar em você, é importante entender quais são as necessidades que aquele sentimento traz consigo. Isso é muito importante, pois segundo o psicólogo que criou o conceito de comunicação não violenta, expor as necessidades é uma forma mais fácil de que elas sejam realmente supridas. Esses três componentes são resultados de uma análise pessoal bem desenvolvida e clara.  

Pedidos

Nessa etapa final, que estrutura a comunicação não violenta, é bastante importante que os pedidos sejam feitos a terceiros de forma clara e positiva. Isso faz com que a solicitação seja mais específica e portanto acaba evitando a subjetividade com pedidos vagos ou muito abstratos. 

Como a Comunicação Não Violenta pode acontecer na prática

A comunicação não violenta é algo que precisa ser aplicado em ambientes de trabalho, e até mesmo dentro de um convívio em família no qual há problemas de relacionamento frequentes e que acabam afetando o bem-estar coletivo.  

É bem importante ressaltar, que a comunicação de maneira geral tem muito mais relação entre o receptor e emissor da mensagem do que da própria mensagem. Afinal, todo mundo tem aquele amigo ou parente que consegue lhe entender apenas com um olhar, ou postura corporal. O grande ponto é: a comunicação não violenta é algo que tem muito mais a ver com a forma que é dita e como as pessoas envolvidas recebem aquela mensagem, do que com aquilo que foi dito.  

Em um ambiente familiar, no qual durante uma reunião de família há uma irritação em um dos membros, por conta de um combinado que não foi cumprido. Em um ambiente coletivo, aquela pessoa faz reclamações e ponderações acerca daquele acordo, alguém retruca e causa um constrangimento coletivo por tudo o que aconteceu. Esse exemplo representa uma cena muito comum em diversos ambientes, seja familiar ou profissional, e que pode ser resolvido tranquilamente através do desenvolvimento da habilidade de escuta, e uma análise pessoal sobre a situação.  

Normalmente, gritar e elevar o tom de voz durante uma briga faz com que os conflitantes continuem conflitando e não foquem na resolução do problema. Portanto, no caso de um combinado não cumprido, o diálogo seguindo a lógica da comunicação não violenta deveria ser demonstrando a insatisfação e tentando trazer uma solução, isso resolveria o problema ou abriria mais alternativas para resolvê-lo, e evitar um constrangimento coletivo.  

A prática da comunicação não violenta depende muito da saúde mental e psicológica dos presentes. Quando a saúde mental não está boa, qualquer coisa já vira motivo de estresse e discussão, então a análise pessoal é sempre importante no relacionamento com terceiros. Desenvolvimento das habilidades de escuta e de empatia, que vão auxiliar no processo de compreensão coletiva sem a criação de juízos de valor, o que tende a melhorar cada vez mais o relacionamento interpessoal, seja qual for o ambiente.  

É notório que para desenvolver uma comunicação não violenta, e saudável, é necessário investir tempo no desenvolvimento das suas próprias noções sentimentais e emocionais, se permitindo sentir todos os tipos de sentimento, sem medo de expô-los. A sanidade mental e a garantia de uma vida com menos estresse é justamente entender seus sentimentos, e buscar sempre resolver as questões que permeiam a sua vida.  

Conheça 3 dicas de como aplicar a CNV

As dicas abaixo, servem tanto para serem implementadas em ambientes de trabalho, familiares, escolares, entre outros. É bastante importante entender também, qual a melhor forma de se comunicar com as pessoas durante a resolução de conflitos, por isso confira abaixo 3 dicas de como aplicar a comunicação não violenta. 

Prefira observações e não críticas

Essa primeira dica de como aplicar comunicação não violenta é essencial, já que é a base do conceito. É importante que o desenvolvimento de um diálogo não violento tenha como base observações sobre as situações.  

Quando você faz uma crítica direta a uma pessoa, você pode afetar diretamente o comportamento emocional dela e fazer com que ela se sinta atacada, o que fará com que ela crie uma necessidade de rebater a crítica. Isso se deve pelo simples fato de que os indivíduos comuns não conseguem lidar com críticas e também não as sabem fazer de modo positivo sem realmente atacar terceiros. 

Ao fazer uma observação sobre um comportamento, ou situação que ocorreu, você não demonstra uma opinião e sim um fato, por isso a aceitação é muito maior.  

Exponha sentimentos e necessidades

A observação e a crítica não fazem nenhum sentido se elas tiverem como único objetivo o ataque pessoal, e não um gatilho positivo para uma reflexão acerca daquela temática. Portanto, ao realizar uma observação sobre algo, exponha as suas necessidades, e como aquilo lhe afetou, mostrando como poderia ser resolvido sem um desgaste.  

Solicite ações que resolverão suas necessidades

O último passo, é solicitar a essas pessoas que elas façam algo para mudar o comportamento e evitar que tal episódio ocorra mais vezes. Uma forma muito positiva, é trazer essas observações, sentimentos, e solicitações para uma forma de comunicação que não seja agressiva e seja confortável para você. Isso pode ser através de um texto escrito, através de uma mensagem de voz, através de uma conversa pessoalmente, o que importa é que você consiga desenvolver uma comunicação não violenta e que seja clara ao ouvinte ou leitor.  Através do conceito de comunicação não violenta é que surge o desenvolvimento de crianças e jovens. Por isso faço o convite para que você conheça o Instituto Ação Educação, que tem como principal objetivo o desenvolvimento de crianças a partir de 7 anos, com foco em transformá-los em cidadãos plenos, trazendo uma inclusão da família na educação. Para saber mais acesse o site.

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